terça-feira, 21 de agosto de 2007

Cego dos olhos

A verdade está
Nos olhos de quem vê
Sua vontade está
Na tela da TV

O que é você
Sem as palavras da boca?
O que você diz
Sem a etiqueta da roupa?

Quem sou eu
Para fazer o que quero
Quem sou eu
Para dizer o que quero.

Quero ser gente
Quando crescer
Quero ter fome
E sede de poder

Quero olhos que vejam
A beleza do mundo
Quero dar voz à garganta
Pois tudo o que sinto é muito...

segunda-feira, 25 de junho de 2007

O espelho

Depois de uma longa pausa, volto a postar, esse é um texto que me veio à mente enquanto lia o livro Cabeça de Porco, que recomendo para todos, espero não ser mal interpretado com a parte do Cristo, apesar de não ser muito apegado em religião não quero de maneira nenhuma, ser o anticristo e falar bem de sua morte, mas não irei explicar extamente o que quis dizer para não estragar a poesia e interpretação de cada um, apenas estou justificando possíveis interpretações levianas, mas tá aí, espero que aproveitem:



Profecia que se auto cumpre
É o medo estampado na cara
É o tiro pela culatra
É a mão que atira e não afaga

O problema tem seu nome
Em suas mãos o meu sangue
Cidadania tem cor e sobrenome
Justiça não alimenta quem tem fome

Aquele corpo é só mais um
Aquela lágrima não é minha
Aquele corpo não é meu
Aquela lágrima é só mais uma

Matando Cristo 3x ao dia
Feliz pela imagem carregar a cruz
Apontar o dedo para o crime
Refletindo-se na TV e não no espelho

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Escudo de Pedra.

Antes de iniciar este texto, tenho q agradecer ao Pink Floyd pela gravação do The Wall, que serviu como fonte para a escrita deste texto, e também indiretamente ao amigo Júlio Cezar Coelho que em uma conversa via Orkut me deu a idéia de "Vomitar" as idéias. espero que gostem.



No muro vejo pedaços
Imagens
Falsos sorrisos.

No muro vejo anúncios
Procura-se
Felicidade, viva ou morta.

No muro vejo gritos
Calados
Vomitados de tinta.

No muro vejo sombras
Marcadas
Com o brilho da Bomba.

No muro vejo sangue
Idéias
Que não formam Ilhas.

No muro vejo armas
Ferem (protegem)
Quem precisa se esconder.

No muro vejo tijolos
Tapam o Sol
Escondem o corpo
Estampam o mundo.

Com eles
Sinto-me seguro.

domingo, 13 de maio de 2007

Indiferença

Religar-se
Ao que nunca pertenceu
Paraíso perdido
Entre tantas opções

O outro
Gosto
Do ferro
Onde nasce o poder

Interpretações
Da letra
Da fé
No todo, no nada

Indiferença
Quando não vejo
No fundo do poço
Da alma.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Alguém

Enquanto todos são outros
Eu sou apenas eu
Não quero ser outro
Que não pode sentir

Nem quero fugir
Do mundo ou do que sou
Pois sou um sopro de vida
Onde seres mortos tentam se manter vivos

Sou a queda anunciada
Onde se erguem Deuses de Barro
Sou o grito desesperado
Onde desaprenderam a falar

Sou a chama viva
No coração de quem já desistiu de amar

Mas o que querem de mim?
Além de verdade e sentimento
Rudeza e paixão
Amor e desprezo?

Mas no fim descobrem
Que nada disso fui ou serei
Pois não sou todos
Nem sou outros
Sou apenas eu

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Concreto armado

Há rachaduras no concreto
Atenção! A banda passa
Tocando o silêncio da ira
Expondo a nudez da ferida

A voz do povo
Destoa da canção
Cada um dança
Conforme o corpo

Cada fome
Cada nome
Cada homem
Cada um come o que é

domingo, 8 de abril de 2007

Você

Qual a cor do seu conceito?
O valor do dinheiro
A perda do tempo
O dia perfeito

O que alimenta seu ego?
O olhar do cego
Tombo do fraco
O pranto do palhaço

O que te faz andar?
Perna cansada
A vida acabada
O final da estrada

O que te faz lutar?
Mão calejada
O ideal alheio
Medo do forte

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Olhe a sua volta
E veja as paredes
Tente um dia esquecer tudo
Lembrando não esquecer demais

Fique à vontade
Para sair daqui
Tenha calma
Quando for me agredir

O mundo dá voltas
Enquanto fico parado
Tento mudar
Mas fico igual a você

Preciso de alguém
Que me faça se sentir bem
Sem precisar mentir

sábado, 31 de março de 2007

Pois é
Murmurou o romano
Quando lhe disseram
Ser pesada a cruz do nazareno

Pois é
Murmurou Hitler
Quando lhe disseram
Ter corpos demais e Alemanha de menos

Pois é
Disse quem queria falar
Mas não tinha o que dizer

Por isso ponham no meu túmulo
Quando eu mais nada dizer
E mais tenha a falar:
Morreu?
Pois é.

sábado, 24 de março de 2007

Ao pó

O mal no coração dos homens
É carne é sangue
Eternizados por fora
Mortos por dentro

Camisas não vestem almas
Rostos e versos no papel
Entre dentes uma língua morta
No final qual vida importa?
Qual mentira conforta?
Qual esperança liberta?
Afinal o que resta?

Resta culpa
Resta dúvida
Resta um

Eterno retorno ao pó
Eterno retorno a nós.

terça-feira, 20 de março de 2007

Versos...

Mundo de papel
Embrulhando Deuses de barro
Muro abaixo, escada acima
O que dizer quando não existe poesia?

Nos restam apenas lágrimas
Construímos apenas sonhos
Não vivemos o que somos
O que buscar quando só existe poesia?

Dançamos conforme a música
Sem saber a melodia
Sem partida ou chegada
O que viver quando somos poesia?

Amores vem e vão
A vida só se vai uma vez
Levando consigo a dor
O que fazer quando não entendemos a poesia?

quinta-feira, 15 de março de 2007

Andando

Ando pelo mundo
O mesmo mundo
Onde não vive ninguém

Olho para o céu
O mesmo céu
Que não protege ninguém

Respiro o ar
O mesmo ar
Que não sufoca ninguém

Com todos que eu falo
Com todos que eu amo
São todos ninguém

Só falo comigo
Só amo a mim
Mas será que sou alguém?

Ando pelo mundo
Acho tudo um absurdo
E todos dizem: Eu sei

Olho para o céu
O céu destruído pelo nosso orgulho
Não entendo e todos dizem: Eu sei

Respiro o ar
O ar que me infecta
Não acho a cura e todos dizem: Eu sei

Como lixo
O lixo que alimenta quem é ninguém
Choro e todos que são dizem: Eu sei

Com todos que falo
Com todos que amo
Não sinto nada e eles dizem: Eu sei

Só falo comigo
Só amo a mim
E todos dizem: Eu também

Ando pelo mundo
O mesmo mundo
Que não é de ninguém

Olho para o céu
O mesmo céu que nos esmaga
E não protege ninguém

Respiro o ar
O mesmo ar que infecta
Mas não mata ninguém
Somos doença também

Como lixo
O lixo que já foi alguém
Somos lixo também

Com todos que falo
Com todos que amo
Todos fingem tão bem

Só falo comigo
Só amo a mim
Desespero-me
Pois assim como você
Não serei nada no fim

quarta-feira, 14 de março de 2007

Precisão


É preciso mais do que nada
Para ser feliz
É preciso dar mais risada
Para entender o que ninguém diz

Mas você não precisa
Não há mais precisão
É melhor ser louco
Quando ninguém tem razão

Não é preciso procurar a saída
Quando não se tem para onde ir
Aceite agora sua vida
Não há outra opção para seguir

É preciso mais do que tudo
Para saber o que não faltava
É preciso mais de uma vida
Para aproveitar o que sobrava

Mas você ainda precisa
Queremos maior precisão
É melhor estar sozinho
Quando ninguém lhe estende a mão

domingo, 25 de fevereiro de 2007

ABSURDOS

Na força do toque
No corte do olhar
O seu rosto denuncia
O que sua boca não quer falar

Entre uma vida à toa
Entre a morte de heróis
O meu dia-a-dia continua
Entre o sonho e o despertar

Sem tempo de escolher
Entre o certo e o que todo mundo faz
Sem conseguir entender
Que sem a guerra não existe paz

Entre uma conversa à toa
Entre o suspiro final
Toda a nossa História
Vira enredo de carnaval

No peso das palavras
Na leitura do olhar
O seu corpo denuncia
O que sua boca só quer calar

Entre a ação e o discurso
Entre a vontade e o poder
O nosso dia-a-dia continua
Entre o absurdo e a lei

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Entrelinhas

Pecado original
Invenção
Pulso algemado
Chumbo quente
No coração vazio
Natureza morta
Concreto vivo
Colo materno
Culpa infantil
Quero dormir
Não posso
Viver acordado
Mãos cheias
De trabalho
Estômago vazio
De justiça
Quanto sangue
Nossa vida derramou
Quanta vida
Nossa História negou
Hálito de pólvora
Sai de sua boca
Luz radioativa
Ilumina seus olhos
O lucro do corpo
Não paga seu vício
A venda da alma
Não paga sua culpa
Verdade
Entrelinhas
Mais um
Entretantos